Sexta-feira, 12 de Outubro de 2007

Salvar o português em Olivença

Salvar o português em Olivença

Carlos Luna


Em 1840, trinta e nove anos após a ocupação espanhola (1801), o Português foi proibido em Olivença, inclusivamente nas Igrejas.

Todavia, ele foi sobrevivendo, numa deliciosa toada alentejana, que logo as autoridades, vigilantes, classificaram como "chaporreo", palavra de difícil tradução (talvez "patois"; talvez "deturpação"), que criou complexos de inferioridade nos utilizadores, levando-os, cada vez mais, a usar a Língua Tradicional apenas a nível caseiro, dentro do aconchego do lar.
Mesmo com esses condicionalismos, depois de duzentos anos de pressão, ela é entendido e falado por cerca de, pelo menos 35% da população, segundo cálculos da União Europeia (Programa Mosaic).

Como sucede, contudo, neste casos, em qualquer ponto do Globo, o Português foi perdendo prestígio. Não sendo utilizado nunca em documentos oficiais, na toponímia (salvo se traduzido e deturpado), ou em qualquer outra situação que reflectisse a dignidade de um idioma, manteve-se, discretamente, por vezes envergonhadamente.

A ditadura franquista piorou a situação. Nas décadas de 1940, 1950, e 1960, era raríssimo, mesmo impossível em alguns casos, encontrar professores, polícias, funcionários em geral, que fossem filhos da terra oliventina, na própria Olivença.

Colonizadores inconscientes, peões numa política geral de destruição das diferenças por toda a Espanha.
Por ironia da História, alguns desses cidadãos "importados", com muito menos complexos que os naturais porque não tinham, quaisquer conflitos de identidade, ou os seus filhos, puseram-se a estudar os aspectos "curiosos", "específicos", da cultura oliventina, acabando por produzir trabalhos de valor sobre a cultura da sua Nova terra, que podem chamar para
sempre, e sem contestações, de Terra Mãe, por adopção, por paixão, ou já por nascimento.

A Democracia abriu algumas novas perspectivas, mas os fantasmas não desapareceram de todo. Alguns cursos de Português foram surgindo, com maior ou menor sucesso. Por vezes ao sabor de questões políticas, como durante a
Década de 1990 . Em 1999/2000, continuando em 2000/2001, a Embaixada de Portugal em Madrid, e o Instituto Camões, passam a apoiar o apoiar o ensino do português no Ensino Primário em todas as Escolas de Olivença. Incluindo as Aldeias. Apenas Táliga, antiga aldeia de Olivença transformada no Século XIX em município independente, está ainda de fora deste projecto, para o qual foram destacados, primeiro três, depois quatro professores portugueses.

É urgente acudir a Táliga, onde só 10% da população ainda tem algo a ver com a Língua de Camões.
Foi dado um primeiro e importante passo. Mas não se tem revelado suficiente. O Estado Português deverá tentar influenciar mais a tomada de outras medidas, dada até a sua posição sobre o Direito de Soberania sobre Olivença: o ensino da História (que não é feito em parte nenhuma em Olivença), por exemplo: a utilização prática da Língua, em documentos oficiais, toponímia, etc.; a continuação do Estudo do Português até níveis de ensino mais avançados; e tantas coisas mais que se poderiam referir!

Acima de tudo, é preciso dar ao Português dignidade... e utilidade.
Revalorizar o Português que sobrevive, o qual, por ser uma variante da fala lusa regional do Alentejo, é vítima de comentários pouco abonatórios.
Deve-se "fazer a ponte" entre as velhas gerações e os jovens alunos. Ensinando-lhes, por exemplo, a partir de exemplos da velha poesia popular e erudita oliventina, no idioma de Camões, e que é ainda, graças a recolhas etnográficas e a alguns poetas populares vivos, suficientemente conhecida para tal. Porque, sem perceberem que estão a dar continuidade à cultura dos seus avós, os jovens oliventinos dificilmente compreenderão que aprender a língua lusa é muito diferente de aprender uma língua estrangeira (Inglês, Francês, Alemão). É preciso dizer claramente que o Português é imprescindível para que as novas gerações compreendam o que as gerações anteriores quiseram transmitir.

Por tudo isto, a situação actual não é famosa. Há estudos recentes que falam em "declínio do Português em Olivença", no seu uso coloquial, como um trabalho da Professora Maria de Fátima Resende Matias, da Universidade de Aveiro.
Como dizia um jovem oliventino (Junho de 2007), a este respeito, «isto é uma verdadeira tragédia; depois de pouco mais de 200 anos, o português vai desaparecer em Olivença; a alma dos povos é a lingua; a lingua é a memória, é tudo; em Olivença vam ficar sómente as pedras, as fachadas, do que foi o seu passado português; Nao há nada mais triste que conhecer que o fim vai chegar e ninguém fiz[fez] nada para evitá-lo; ninguém compreende que a morte do último luso-falante vai ser a morte da alma portuguesa, o fim de gerações falando português nas ruas, nas moradias, no campo oliventino, ao longo de mais de sete seculos?». E continua: «O artigo da senhora Fátima Matias explica perfeitamente as razoes e o contexto da agonia do português em Olivença; mas... agora já não há ditadura; Deveriamos ficar orgulhosos de ter esta riqueza linguística e procurar a defesa e o ensino do português oliventino; (...) e, um pouco também, o Estado português é também responsavel; com independência de questões de índole soberanista, deveria implicar-se na promoção do português em Olivença e nao sómente não reconhecer [a soberania espanhola] e não fazer nada.»
Pode-se aplaudir o que se faz hoje, mas é imprescindível algo mais: faça-se um estudo do Português-Alentejano falado em Olivença, e ligue-se o mesmo ao Português-Padrão ensinado nas Escolas, de modo a fazer a ligação entre as gerações e produzir uma normal continuidade que deveria naturalmente ter ocorrido. Assim se corrigirá a distorção introduzida pela pressão do Castelhano. Este estudo pode ser feito por quem se mostre capaz de o fazer: portugueses, mas também alguns especialistas e linguistas extremenhos. A nenhum Estado (Portugal ou Espanha) se poderá perdoar deixar morrer uma cultura !

O aspecto político da questão, que existe, pode ser secundarizado ao máximo.O Primeiro passo poderão ser umas Jornadas, ou um Congresso, sobre o tema, que reuna a participação de especialists e autoridades das mais diferentes origens, unidos pela sua boa vontade...

Olivença é Portuguesa editou às 14:34

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Domingo, 7 de Outubro de 2007

Galiza quer integrar lusofonia

Língua Portuguesa:
Galiza quer integrar lusofonia,
Academia formalizada em 2008

6 de Outubro de 2007, 22:04

Bragança, 06 Out (Lusa) - A região espanhola da Galiza quer fazer parte da Lusofonia e participar nos acordos sobre a língua portuguesa, através de uma academia que será formalizada no próximo ano.

O anúncio foi feito hoje em Bragança no encerramento do VI Congresso da Lusofonia por um dos promotores da iniciativa, Ângelo Cristóvão, secretário da Associação Amizade Portugal/Galiza.

Este organismo está envolvido no projecto de criação da Academia Galega da Língua Portuguesa, que será apresentado segunda-feira na universidade de Santiago de Compostela, na Galiza.

Aquele responsável lembrou que a Galiza já participou como convidada na discussão dos acordos ortográficos em 1986 e 1990, mas não de uma forma institucional e pretende agora dar continuidade a esse trabalho participando como observadores ou mesmo como representantes no Instituto Internacional de Língua Portuguesa e outros organismos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Segundo disse, a nova academia deverá ser oficializada no próximo ano e será constituída por 35 académicos, entre os quais pretende ver também alguns portugueses.

Nas relações entre Portugal e Espanha o académico português Malaca Casteleiro defendeu que a língua portuguesa pode ser a solução para o diferendo com quase dois séculos entre os dois países pela disputa do território de Olivença.

"Portugal devia era defender que tivessem dupla nacionalidade e disponibilizar o ensino da língua portuguesa no território", defendeu.

Neste congresso foi ainda entregue o primeiro prémio da Lusofonia, no valor de 1500 euros, instituído pela Câmara de Bragança, que apoia o evento.

Entre 93 trabalhos oriundos de Portugal, Brasil, Canadá e Espanha, o vencedor foi Pedro Baptista, de Coimbra, com um trabalho de poesia "Nove ciclos para um poema", desenvolvido a partir de pequenos trechos de autores dos nove países da lusofonia.

HFI.

Lusa/fim

Olivença é Portuguesa editou às 09:20

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