José Saramago provocou reacções demasiado vivas à ideia da união de Portugal com Espanha, numa nova Ibéria - que deveria ser naturalmente uma República, com as famílias reais dos dois países remetidas para os compêndios de História.
Os iberismos têm tradições em Portugal: defendem a predominância das regiões periféricas da Península perante o tradicional imperialismo do centro castelhano. São bem aceites por Madrid, que não acredita na predominância periférica, e pelas periferias espanholas, que acreditam.
Mas Espanha nunca conseguiu integrar as suas regiões mais ricas e importantes, como a Catalunha ou o País Basco (para já não falar da Galiza). Como iria integrar uma Nação que é muito mais antiga, com uma cultura forte e una?
Aos que esperam da União riqueza, desenganem-se. Se Portugal se integrasse, como a 18.ª Província, ou Autonomia, passaria logo a ser a 5.ª mais rica do novo Estado ( a seguir à Catalunha, País Basco, Madrid e Valência).
Teríamos de contribuir para as 13 regiões mais pobres - como o fazem, muito contrariados, a Catalunha, o País Basco e Valência. Também a qualidade dos políticos não melhoraria: nem os espanhóis parecem melhores, nem perderíamos autonomamente a nossa classe dirigente.
Quanto ao mais, somos hoje todos europeus - mas com culturas distintas, apesar da fúria normalizadora de Bruxelas. Que, se tiver sucesso, acabará (dentro de muitos anos, espero) por apagar todas as fronteiras do Continente, incluindo as ibéricas.
P.B.(talvez Pilar Busto; TALVEZ!!!)
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